quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Leão

Eita que coisa bruta
Dinheiro mais sem noção
Muito de minha carteira furta
Vai direto para a boca do leão

É ISS, IPTU, IPVA
Pagar tudo para não se lascar
INSS, FGTS, ITR
Não tem imposto que manere

Onde está meu salário?
Para onde foi meu dinheiro
Preciso dele para sustento
E para meu contento
E evitar meu comparecimento
No tribunal do leão

Pense um bixo faminto
Come de tudo sem amolecer
Nem para de crescer
Criando uma barriga imensa
Um aspirador de Salário
Muito suado
Pro político fazer festa o dia inteiro

Quero mais não
A esse Leão tem que dar um tempo
Parar de ser tão sorrateiro
Porque temos pouco dinheiro
Então,
Tira o olho de meu país
É greve de fome para ti
Ou para o país inteiro

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Nem toda regra se aplica

Já escutei tanto
Fui realmente muito alertado
Nunca dei muita atenção
Porque daria
Aqueles que estão perdendo
Perdendo continuarão
Se depender da minha piedade

Mas aprendi agora
Quando aconteceu comigo
O maior pecado de que tem poder
É não ter a sensibilidade de compreender
Que nem toda regra se aplica

A história mais lida tem o exemplo
Imagina se Pilatos fosse diferente
Em seu lugar um homem santo
Em suas mãos estava uma vida
A vida mais especial que caminhou o mundo
Mas a lei era escusa
Bastava um simples não
Em troca se escondeu atrás da regra
Lavou sua mão com sangue
E permitiu um justo ser crucificado

Quanta falta de sabedoria
Os falsos justos não percebem
Nem perceberão
Que não necessita coragem para seguir a regra
É a covardia que compele o outro a condenar se sentindo justo
Fecha os olhos para aquela verdade incomoda
Que nem todo Justo se encaixa na lei
Condenar é mais do que lavar as mãos
É se negar a compaixão
E estender a mão ao próximo
Pois ai o mal reside
Mesmo quando tudo parece justo
Não passam de carrascos

Ao menos resta a esperança
De que a vítima resta o acalento
Que Deus há de confortar
Ou assim ensinar a suportar
Os desafios que a vida trará

Pois o futuro é negro a todos
Menos a Deus
Quem sabe o leitor um dia dependerá de alguém
Que sofrendo necessite de compaixão
Mas a frieza dos códigos o derrube
Pois nada mais cruel
Do que necessitar de alguém
E ver esse alguém
Com medo de as quebrar regras e códigos
Construídos como guia de um geral
Mas se fôssemos geral
Não precisaríamos da compaixão de ninguém
Apenas Deus.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A luz de Liza




As vezes a vida pode ser simples
Nos permite assisti-la
Acreditar que existe algo melhor
Em um Deus sábio e toda sua ordem divina
O que seria a luz sem o Sol?
O que seria a Luz sem Liza?
Iluminaria o que desejar
Mas sua luz nunca seria algo tão sublime
Quanto os que colorem seu rosto
E esboçam seus detalhes nas memórias

É apenas uma foto
E QUE foto
Uma simples captura de um momento
Nada mais justo
Mesmo que nem todos estejam destinados a durar
Esse estará
E servirá de referência
A toda aquela que deseja
Um dia sonha ser chamado de Bela
Pois bela é ela
Que juntamente com aquele sorriso
Que roubou meu coração
E com um seu beijo então
Consolida a saga de minha escolha
Me torno o homem mais afortunado
Me divertindo com os que morrem de inveja

Estou pronto para tê-la
Eterniza-la ao meu lado
Não mais vivo em soxsinho
Ela é a simplicidade de uma foto
E o universo de minha paixão
Escondido em uma grande inverdade
De que por trás de toda essa maquiagem
Mas escuto apenas seu clamor
Existe uma criança a gritar por mim
E quem engana senão o mundo
Permitindo que dite as ordens
Obedecendo tão facilmente
Apenas eu para por um fim

Liza é a mais bela luz de Deus
A Luz de Deus
E não tem consciência de tanto amor que possui
Perto da pureza dos anjos
Não se admire quando afirmo
Ela possui o destino de ser conservada
Pura e imaculada
Eternamente amada
Com a honra intocada
Completamente mimada
Nos meus braços chocada
E finalmente apaixonada
Por meu catavento de loucuras

E que meu futuro seja apenas uma missão
deixar claro ao mundo um verdadeiro "tu"
Escondido debaixo de meus lençóis
Ou quando as luzes se apagam
Pois a luz expõe sua verdadeira imagem
E o sorriso mais sincero
Brilha
Deixa claro o medo de ser julgada
Na inocência de não saber
Que seu destino é ser amada

Quero apenas a felicidade
Meu direito humano
Negado a tanto
Que impõe suas pesadas condições
Meu custo é de viver ao lado dela
Ter filhos com ela
Dividir minha vida com ela
Pois é Liza emite minha luz
E sem essa
Vivo perdido em uma eterna escuridão

Blind Spear

terça-feira, 24 de maio de 2011

Cabra Macho

Eita cabra froxo
Nem sabe que eu sô
Num sô filho de dotô
Mas sou macho muito pecador
Homem de muitas léguas e e de quebra
No meu caminho
Nem quem é doido
Consegue se metê

Eu num nasci de parteira
Abri meu caminho na peixera
E nem cicatriz ficô
Agradecido ao nosso senhor
Que minha mãe conservô

Num tem pé de mandiqueira que eu num deite
Num tem cabra enfezada que eu num derrube
Nem boi chifrudo que me fure
Sou o cabra mais macho do sertão
Ando no mundo carregando no peito o coração
A nas mãos o meu cunhão

Nem quero te dizer por onde ando
Ando na brasa e na água
Esquivando toda mágoa
Onde nem padimcirço sobrevuô

É tanto chão que nem tem fim
Eu o pangaré Aipim
Cruzando essa terra sem sentir dor
Perque dô é pra muié
Homi pega o que qué
Sem nenhuma besteira
Ou morre na peixeira
Antes mesmo de sentir a coceira

Agora to na cidade
Num tem nenhum luga para mi receber
Sou o homi mais macho do sertão
Aqui um mero cidadão
Perdido no desespero
Em busca de um emprego

Blind Angel
Henrique Nápoles

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O dia em que choveu sapos




Me surpreendi quando olhei para os céus
Haviam nuvens que nasciam do nada
Uma tempestade estava encomendada
Estava contente por estar em casa, quando notei
Água regaria a cidade novamente
Deixaria tudo molhado e ensopado
Mas provavelmente
Não cairia nenhum sapo do céu

Imagine minha cara de espanto
Quando escutei milhares de "coachar"
Do sapo o famoso canto
Mas o único som daquela hora

Caminhei cauteloso para fora
Com medo de até de meu rosto mostrar
Mesmo com o cuidado que fosse uma hora
Dei de cara com um Sapão a me encarar
Com certeza queria dizer algo
Nem que fosse um sim ou não
Pois estava tão incomodado
Com o anuncio das nuvens
Chuva estranha cairia
Para mostrar aos homens
O poder de Deus

O primeiro sapo caiu vazando no chão
Esborrachou-se no asfalto
Seguido pelo segundo e o milésimo
O povo como se gritasse mãos aos alto
Se assustaram com o fato
De mais de um sapo
Enfiar a cara no chão

Um atrás do outro chegavam
E cumpriam sua sina
No jornal da "matina"
Mostrava toda confusão
Que eu assistindo com o Sapão
Me explicando a situação.

"Esse homem não aprende
Tem que ser torcido
Aprender na pior vertente
Da educação do padecido
É praga no couro desse bicho!
De toda criação a mais importuna
Não vê que vivemos em comuna
Que de tanto lixo
Hoje temos um outro modo de viver.
São sacanas e a encarnação do mal
Não podem ser confiados
Nenhum sapo pode virar as costas
Sem tomar uma mão de sal
E morrer sufocado"


Eu tinha que aceitar
Que sabedoria o Sapão tinha
Até invadir a cozinha
Com a língua continuava a limpar

Passaram-se meses e muito tempo
E sapos mortos atolavam a cidade
O ambientalista gritava que era maldade
Era tudo culpa do aquecimento
Jornalista não se calou
Buscava a conspiração
Que em sua ambição
Encontrou a foto para expor
Pobre sapo de topless
Que coisa bizarra ele fotografou
Mas muito dinheiro ganhou
Porque era raro
O prefeito se levantou
Culpou seu assessor
O maior bajulador
Que o dinheiro podia pagar
E como não dá
Um estagiário teve que contratar
Apenas para a culpa tomar
Porque o universitário não soube explicar
Anfíbios malditos
Não paravam de chegar

Futebol ninguém jogava mais
Quando chutavam a bola
O goleiro em toda aquela pressão
Tinha que decidir se agarraria
O cururu também, ou não.

Formula 1 nem pensar
Era impossível qualquer carro andar
A nova corrida era diferente
Feito de um carro monstro
Assistido por muita gente
vendo os sapos esmagar.

Interessante mesmo era a nova modinha musical
Vestiram um grupo de sapo
Com um roupa banal
Penteado de gente do mal
E cantavam como mocinhas
Os sapos da vizinha
Faziam bem melhor

Até que um dia tudo parou
O homem se conscientizou
E todos os anfíbios sumiram
A cidade estava suja como nunca
E tomaram 2 anos para limpar
Todos os corpos de sapos
Até os que caíram no mar
E a civilização seguiu em frente
Mas em outra corrente
Porque viu que se Deus quiser
Nossa vida pode mudar
Afinal
Houve um dia que os sapos mergulhavam do céu
História que ninguém vai acreditar


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Uma criança e uma esperança




Você já sentiu na pele
Desde quando o sonho acabou
Que o mundo seguiria em frente
Nada o faria parar

Será que você já parou para pensar
Que sobreviver não seria suficiente
Seremos escravos do tempo
Esse tempo que nos força a crescer

Poderíamos até sonhar em nos arriscar
Adiar o Abater da criança interior
Mas seríamos esmagados pela hora que chama
Passaríamos os últimos dias em horror

Então somos reféns fadados a produzir
Eramos toda a esperança que surgira
Hoje, fonte de mais valia
Com pernas quebradas para não fugir

Deveríamos correr apenas para a felicidade
Isso nos foi prometido em sonho
Esse morreu entre lágrimas
Traído por nós e pelo tempo
Morreu a esperança

Uma planta rara
Nasce uma vez a cada geração
Oro por raízes fortes
Prenda bem a próxima criança
Pois ela é a esperança
De um sonho mais forte

terça-feira, 3 de maio de 2011

Natureza I




Eu que não acredito em mais nada
Sinto um frio e padeço
Da doença voraz que conheço
Que é a traição de si mesmo
Ao desistir de um sonho
Possivel ou impossivel
Pois um homem se constroi de feitos
Que alteram sua realidade
Mas ao invez de elever a vida e o amor
Acontece uma distorção
Uma corrupção
A vergonha deveria ser nossa nova bandeira
De um exercito em constante marcha
Caminhando em destruídas palmeiras
Para a irrevogavel mudança
Ou destruição

Simbolo de guerra
Armas viradas para a terra
E ninguém quer acreditar no que acontece hoje
Nem nas armas outrora disparadas
Complicado abrir mão de um mundinho seguro
A custa do que é puro
Sem limites ou punições
Seguindo seus próprios corações
Quem viria atrás do homem?
Lembrá-lo de sua mortal realidade
Julgá-lo por seus atos de maldade
Nada nesta terra poderia
A não ser a própria terra
Afinal o homem ainda possui necessidades
Limites e fraquesas
Estas estão expostas em suas fragilidades
A manutenção da vida
Todas elas
Sejam boas ou ruins

E agora eu pergunto
O que o senhor Lider pretende fazer
Vamos parar agora?
Vamos esperar a natureza desaparecer?
Vamos, então, parar amanhã
Quando não haver nada para salvar
De um mundo de entulhos
Consumido pela ganância e ambição
Ricos poderemos ser hoje
Viveremos em abundância
Mas amanhã todos serão pobres
Porque hoje pobres os ricos são.
Pobres no coração
Lhes falta visão
Para em outros pensar
Não entendo o que que há
Com essa demora infinita
Parem com as maquinas malditas
Pois a terra não há de esperar.

Henrique Nápoles
Blind Angel

terça-feira, 19 de abril de 2011

O caminho de Deus



















Sei que se lembras alguém
Algum amigo quem sabe
Um colega de criação
Ou tantos outros que a vida apresentou
Com idéias parecidas
E que construiu, para si, uma proteção
Com toda a negação
Que o mundo pode oferecer

Eles riem em aberto
Não possuem receio do seu futuro
Não conseguem sentir nem a verdade
Da Onipresença de Deus
Porque em sua maior justiça
Ele deu a escolha
De compreende-lo ou não
Acreditar ou não
Mesmo antes da criação

Esses olham para os fieis
Abrem a boca e clamam
Que Deus não existe
É história para botar criança na cama
Invenção da cabeça humana
De um povo que só reclama
Das injustiças de uma invenção
Terceirizamos nossas responsabilidades
Esquecemos de correr atrás
Colocamos tudo nas mão de uma entidade
Por isso somos covardes
Que se escondem na sombra de um Deus

Olha que acusação
Alguns dizem que o cristão
Vive em um mundo diferente
Criamos o que precisamos
Com a força da mente
Nada criativa
Criada antes da escrita
Eles prefeririam outra criação
Uma com muita ambição
Mas eles não criam
São homens racionais
Inteligentes por demais
Que não esperam uma vida fácil
Nem um conforto na próxima vida
Apenas um fim
O simples não existir
O mundo a ruir
Tendo fé ou não
Por isso curtem cada segundo
Dessa oportunidade de chamam de vida
Sem agradecer a ninguém
Não dependem de ninguém
Nenhum conto da carochinha

Tudo isso eu já tinha escutado
Egocentrismo acumulado
Estrangulando a minha reação
Me permitindo apenas um mal estar
Por não querer visualizar
O presente que o homem deu
Ao inimigo de Deus
Tanto que foi avisado
Tanto que foi escrito
Tanto que foi rezado
Ainda sim abrem a porta
Para o lobo entrar
Deixam ele entrar
Fazer o que quer
Com o rebanho de Deus

O mundo segue em frente
Os que não acreditam podem fazer o bem
E farão
Pois o bem está escrito na alma
Criada por Deus
Acreditando nele ou não
Mas mesmo se você virar as costas para ele
Se ajudar um irmão
Contra a vontade
Deus estará presente
Se não acreditar não o fará deixar de existir
Não aceita-lo não irá expulsá-lo
Apenas tua tolice
Será contra tu

Eles mesmo se iludem e se enganam
Não aceitam a existência de um Deus
Porque para eles é difícil
Crer nele e não temê-lo
Não entendem que vivem em uma escuridão
Presos em sua própria solidão
E que a unica saída é encontrar uma luz
Em forma de Jesus
Que nasceu tão mortal

Um filho de Deus aprendeu a sofrer em pró de outros
Alimentar outros de barriga vazia
Com grande alegria
Sentir na pele o horror do mundo
Tendo a fé como escudo
Carregar a cruz que não seria sua
Mostrando sua alma nua
Assistir o mundo deixando de ser grande
Deixando todos ao nosso alcance
E executar os trabalhos de Deus
Somos ensinados
Que permitir é o mesmo que executar

Não é fácil acreditar em Deus
É o único caminho
Aquele que já sentiu sua presença
Nunca mais poderá negar
Viver uma vida em eterna redenção
Pelos pecados de toda humanidade

Eles um dia irão entender
Que a escolha fácil é a deles
Quem fazem o querem e ninguém tem autoridade de julgar
Não terá ninguém olhando para eles
Quando a luxúria tomar posse
Quando a ambição superar a caridade
Nesse mundo criado por eles
Em que tudo é permitido
E os olhos de Deus não existem
É a maior trapaça de Lúcifer
Fazer o homem acreditar teve a idéia
Que ele ascendeu acima dos mortais
Permitindo um ego
Perante tantos pecados sem razão
Sendo apenas um pobre coitado
Na lista dos que devem ser salvados
Pelos filhos de Deus

Mas não entenda mal minha palavras
Ser cristão não é fácil não
Não existem caminhos faceis nesse mundo
Mas a maior falta deles
É não compreender
A recompensa de Deus
Que preenche o vazio
Que nos cobre de bençãos
Que nos Ama incondicionalmente
Que nos ensina
Nos eleva
Nos convida a dividir uma mesa
Seremos sempre amparados
Porque convidamos Deus a nossa casa
Com ele ao nosso lado
Nada se torna realmente difícil
Pois realizar os feitos
Vem da vontade divina
Que através de nós
Se manifesta nessa terra
E nos uni a uma verdade
Que ao ver o por do sol
O mar calmo e o céu tempestuoso
A criação de uma nova vida
Todos devem ter sentido
Mesmo sem saber seu nome
A presença de Deus


Henrique Nápoles
Blind Angel

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Subindo na vida



Acordei diferente hoje
Tinha vontade de chegar em um lugar alto
Fui na rua
Havia um grande carro ali
Comecei a subir o carro e senti que estava no topo do mundo
De cima do carro eu tudo esqueci
Nada de ruim me acometia
Até que eu notei
Como eu não sei
Uma árvore não muito longe dali
Ela era a mais alta
Com galhos longos e poderosos
Poderiam segurar meu corpo
O galho não precisava ser grosso
Bastava apenas estar ali
Corri então e comecei a escalar
Passei por um fruto
Passei por uma flor
Passei por um ninho de passarinho
Até que cheguei no topo
Me senti um colosso
Porque tudo eu poderia ver
Uma criança a correr
Uma senhora e seu crochê
Um cachorro perdido
Procurando sua casa
Que eu também podia ver
Casa bonita de telhas vermelhas
Me chamavam a subir
Saltei e me esbofetei
Demorei para levantar
Eu queria subia na casa
Peguei uma escada de madeira
Degrau a degrau sentia um vento
Até que no telhado eu pisei
Como fogo desfazia
Era tão arriscado
E eu divertido dançava
Queria chegar mais alto
O porque ainda não sabia
Olhei para a cidade
Gente em grande quantidade
Destacou-se uma torre
Tão linda e colorida
Eu tinha que ver seu fim
Peguei carona e cheguei
Subi subi subi
Pelas patas de metal eu subi
Parecia uma aranha eu subi
Nunca eu iria chegar o topo mas eu subi
Sem saber porque
Até que no topo cheguei
O vento me esperava feliz e fazendo um barulho
Queria chamar minha atençao
"Seu vento esse é um mundo complicado
Preciso vir aqui
Para escutar você falando"
Mas o vento apenas assobiava
Me irritei e logo vi
que mais longe dali
Um arranha-céu me esperava
Este gigante faz-sombra
Tinha mil andares
Mas eu tinha uma obsessão
De escada eu casaria
Bastava o elevador
Cheguei tão rápido que nem vi
Imagina a altura que estava
"1000 andar!"
Falou o dono do elevador
"Vou descer seu moço"
Cheguei no fim
Mais alto arranha-céu
Fiquei super feliz
Tinha chegado no lugar mais alto
Eu estava com a cabeça o céu
Mas em meio a essa alegria
Um avião passou por ali
Então vi que não estava mais alto
Faltava o avião
Mas como chegar lá?
Pulei para alcançar
E não consegui
Lembro que comecei a cair
Lembro do povo que não acreditava
Não queriam olhar para mim
Que do arranha-céu
Um menino se jogara
Enquanto caía fiquei triste
Vi que iria morrer
Subi no topo foi difícil
Fácil mesmo foi descer
Caindo num precipício
Onde o tempo se tornou infinito
Me lembrei o porque
Porque eu queria subir
Ficar mais alto do que o já alto
Lembrei o porque acordei querendo subir
Eu prometi a mim mesmo
Subiria na vida
Subiria na vida
Subiria na vida
Mas eu aprendi que quando se quer subir demais
Pode acabar para trás
E enfiar a cara no chão





Henrique Nápoles
Blind Angel

terça-feira, 12 de abril de 2011

Destino do Fiel




Ora a Deus que acredito
Conhecerei de tua amarga aflição
Pois ao homem foi escrito
Para da fé
Não abrir mão
Ela sustenta a sanidade
Materializa na tua frente
Mil palavras santas
Te protegem das correntes
Das tentações da mente
De uma alma perdida
Uma vida partida
Tudo isso e ainda mais
Sendo culpa de Satanás
Ou não

Sinta a paz enviada a ti
Parte de uma nova promessa
Que mesmo sem pressa
Todo o esforço deus... há de retribuir
Liberta teu olho de ti
Vivendo nessa gaiola a se consumir
Sem realmente ver o desamor
Veja quem mais sofre terrível destino
Nesse mundo em que todos devem assumir
Um papel nos planos de Divinos
Será esse um chamado a cumprir?
Tua busca por santos ateus
Será teu caminho uma vitória?
Onde toda Glória
Será de Deus

És tão abençoado que nem notas
Se não fosse sentias falta
Ao teu redor está toda a criação
Paira assim... a tua disposição
O mais belo presente
Atravessando as barreiras da mente
Mas agora te cegou
Pára agora e enxerga
O Deus teu pai o abençoou
Tens toda uma vida pela frente
Entre todos os pecado, oh! deus clemente
Sinto agora o seu amor

Paz na terra de todos os homens
São os desejos de um cristão
Que todos os olhos estejam abertos
Que nenhum olhe para deus e diga não
Mas esse desejo é tão irreal
O homem é tão banal
Esquece o criador
Toma seu lugar como Semideus
Falha com os mandamentos em troca de tão pouco
Cultiva o mal eu um enorme museu
Matam e ferem quem os olham torto
Pobre da criança que cresce nesse mundo
Não lhes resta nenhuma escolha
Terminará sua vida como defunto
Mas confiando em Deus

Devemos compreender a verdade
Que em meio a tanta maldade
A unica saída é o louvor
Pois a tanto tempo
Deus enviou um salvador
Veio para mostrar
Um caminho diferente que tomávamos
Entre os homens andar
Os flagelados curar
E Morrer numa cruz tão cruel
Cumpriu sua missão impossível
Deixou seu nome na história
Mostrou que ao homem não tem glória
Apenas Deus
A partir de então seremos fieis
Aos caminhos guiados com uma voz inaudível
Somos todos parte de um grupo pecador
Destinados a vivem no Horror
Se não guiarmos todos
Pelo amor
De Deus



Henrique Nápoles
Blind Angel

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cavaleiro de Armadura Dourada



Vou te proteger minha princesa
Serei eu o cavaleiro armadurado
Montarei um cavalo branco
Viajarei o mundo inteiro
Para manter você segura

Vem aqui e pára em minhas asas
Elas se tornarão de ouro
Prometeram refletir os males
Pois tu serás imune aos sofrimentos dessa terra

Acredita em mim criança
Não é sem motivo que empunho minha espada
Não é por todas que carrego meu escudo
Apenas minha musa me da forças
Para me armar contra todo o mundo

Sei que parece difícil acreditar
Cavaleiro ou não
Ainda sou mortal
Mas quero te proteger
Carregarei no meu peito teu coração
Pois o que eu prezo eu protejo
Guardo no meu mais forte cofre

Então deixa-me carregar tua vida
Assim terei em minhas mãos teu destino
Pois o único destino que te aguardas
É um destino comigo
E que destino seria?
Senão um campo e um céu
Uma volta em asas douradas
E minha princesa sorrindo para mim

Blind Angel

terça-feira, 5 de abril de 2011

Terra estrelada



O que não faço com frequência
Um dia me comprometi a fazer
Atravessaria o Brasil
Nas asas de um avião
Que coisa interessante
Um monumento à aviação
Uma vez que a nave estava alto
Notei a estranha divina criação
Acredite ou não
Também havia estrelas no chão

Brilhavam e saltitavam
Tinha umas que se mexiam
Outras eram estáticas no chão
Formando o que o doutor dizia
"isso mais parece uma constelação"

Não preciso nem penar
Para desta historia o vilão descobrir
Quando olhei para baixo
vi uma nuvem chata
Que com sua cor opaca me dizia não

Dona nuvem de passagem
Para um marinheiro de primeira viajem
Ver os astros de sua terra
Por isso choro como quem berra
Por nunca ter visto algo tão bonito
Nesse novo infinito
Tendo o mundo como sua cela

Cada vez mais subia
O mundo dos homens sumia
Deixando para trás o espetáculo
Criado por deus
Que pensando nos seus
Presenteou-nos asas para voar

Uma, duas, três e mil.
Tentei contar
Até meu olho cansar
Mas quando pensava que estava a terminar
Novas apareciam de seu covil

Nosso deus!
Que criatividade
Entendo agora sua tamanha justiça
Transformamos seu maior presente
Numa verdadeira imundice
Mesmo assim
Não nos daria um céu tão estrelado
Se aos anjos não permitisse
Ver um chão tão iluminado

Ficarei triste quando pousar
Voltarei a minha vida normal
Sempre terei em mim uma vontade
De aquela luz vê-las
Mas ficarei feliz em saber
Que como os anjos
Também moro entre estrelas

Blind Angel

Guerra dos Sexos



Há quem diga que o homem não merece
Dormir feliz e acordar
Ao lado de uma mulher que o conhece
Como sempre quis encontrar

Todas elas se movimentam
Para ficar mais difícil de pegar
Pois cada um com uma rede tenta
Uma princesa sequestrar

Tudo acontece assim
Uma festa ou num bar
Todos querem encontrar
Um alguém para viver
O homem toma o papel de pescador
Lança no mar sua isca
Pode ate ser uma cara bonita
Ou diploma de doutor
Não importa quanto tente
Tem que entender
Que a mulher não e peixe sem mente
Ou bicho sem coração
Mais e uma sereia que chora e mente
Planta no coração uma semente
Para colher sua alma depois

Pense homem tome cuidado
Não olhe nos olhos da criatura
Pois mesmo que seja uma belezura
Te deixa com o cu na mão e desesperado

Todas as mulheres são diferentes
Algumas parecidas e tristes
Outras feias e contentes
Por isso mesmo elas perdem
Três horas só de maquiagem
Para ficarem mais diferentes
Para enganarem o tempo
Mas a verdade é que nunca irão conseguir
Todas são inimigas do espelho
Pois sabem que um dia
Terão os seios no joelho

A mulher não esta imune
E descobre no destino
O gosto do seu fel
Quando esperava um céu
Se apaixonar
E por isso experimentar
O inferno que pode ser

O homem aprendeu a humilhar
Fazer a mulher chorar e pensar
Que somos todos iguais
Mas quando homem e safado
E se mostra um desalmado
Porque um dia também sofreu de paixão

Entre todos os conflitos
Nasce algo tão bonito
Que forca o casal a se juntar
Natural que nasça um filho
Não importa que seja um menino
Mas faz a vida complicar

Agora não se pode brigar
O importante e a criança
Que nasce cheia de esperança
De quando crescer
O seu par encontrar

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Para sempre vou olhar para você



Estou te dizendo que a vida tem um sentido
Que se vês em mim tua força
Quero te dizer como eu me sinto
Sem tu não tem importância ficar em lugar nenhum
Não existira vista que fosse bonita
Nenhuma comida teria gosto
Nenhum livro seria bem escrito
Nenhum vento me arejaria o rosto
Nenhum dia me traria o sol
Eu viveria numa eterna noite
Uma noite sem som e sem sentido
Com meus olhos cansados
Nada me alcançaria
Isso tudo porque nao há motivo viver
Uma vida sem você

Deixaste eu te ver
Abri os olhos para ti
Te Entregaste e me mostraste algo que de tao lindo me tirou do chão
Olhei ti e todo teu potencial
Para uma profissional
Esposa
Uma linda mãe

Como eu nao iria me apaixonar
Sabias que eu podia ver
O que ninguém mais poderia
Te via por completa
Então nao me diga que: "como pode ser?"
Tu sabes que foi tua a culpa
Tudo determinaste
Quando te mostraste para mim
Quando vi através de teus olhos lindos tua alma
A mais bela de todas
A única que fora feita para mim

Lembra-te bem
Enquanto dormias em meu colo
Numa viagem incomoda
Para onde pensas que eu olhava?
Teu cabelo cobria o rosto
Teus braços agarravam meu tronco procurava equilíbrio
Amor,
Eu olhava para você
Não existia outro lugar para meus olhos descansassem
Como eu ainda nao parei de olhar para ti
Como eu nunca vou parar de olhar para ti

quinta-feira, 24 de março de 2011

Chuva não é triste

banho-de-chuva

Você já viu a chuva pela janela?

Estalando no teto como canção de ninar

Roupas ou meninos tudo mela

Molhando a terra para plantar

 

Quando irritada inunda tudo

Ensina ao homem a lição

Não deve brincar com o mundo

O sentimento não pode vençer a razão

 

Vivo a espera da chuva

Corro e sofro para tocá-la

Aonde o vento faz a curva

Ali ela cai como bala

 

Como a abelha faz o mel

E o homem vive em sua mente

O mundo terá uma nova semente

Regada com toda as águas do céu

terça-feira, 22 de março de 2011

Me salve



Onde estou?
Esta escuro
Que som é esse?
Parece o oceano
Estou tão perdido
Nada para mim faz sentido

Nenhuma esperança a vista
Parece que estou realmente fadado
Porque meu destino tem que ser assim
Solitário e frio
Nada vejo
Nada sinto
Quero ser livre

Agarro-me a promessas
Tantas mentiras
O mundo começa a parecer um tunel
A cada passo
Mais estreito
Não consigo me mover
Estou entalado
Estou preso

Existe alguém ai?
Alguém que poderia me salvar dessa vida
Enfia em meu peito a santa estaca
Me liberta da minha prisão de carne
Sou mortal
Me salva
Me liberta

Ou será que ainda há esperança?
Virá o dia que o sol não nascerá negro?
Virá o dia que a luz me tomará um suspiro?
Verei um anjo?
Posso sentir uma mudança
Alguém vem me salvar
Meu sofrimento tem validade
Breve eu serei livre

Henrique Nápoles
Blind Angel

segunda-feira, 21 de março de 2011

Tempo e Paixão



Pesquiso aqui
A relação que existe
Entre tu e o tempo
Notas quando te vejo
O relógio acelera
Toca seu caminho
E sorrateiramente
Funde o chegamos
Ao tempos que ir embora
É o tempo meu amor

Como passar tempo com você
Se quando eu estou com você
O tempo deixa de existir
No meio desse vácuo eu sinto a agonia
Quero mais tempo com você
E não consigo ter
Alguém me proíbe
Quero uma explicação
Algo solucionável
Não apenas uma consolação
É o tempo meu amor

Começo a compreender melhor
O que acontece e o porque
Te amo com todo meu amor
E o tempo também
Ele não aceita te ver nos braços de outro
Nem eu aceitaria
Ele que encurta os momentos
Destrói o romance
Pois não aguenta o sofrimento
É o tempo meu amor

Parece que todas as criaturas caem por você
Todos os Deuses e entidades
Todos sofrem do mesmo mal de te amar
Mas nenhum te ama como eu te amo
Nem mesmo o tempo meu amor

Agora com o mistério solucionado
Tudo fica mais fácil
Descobri que atrapalha nossos encontros
Descobri quem é o mal perdedor
Pois escolhesse me amar
E não ao tempo meu amor

Agora basta eu aprender a agarrar as barbas do tempo
Obriga-lo a ceder
E a sofrer calado como os outros tantos
Sei que consigo
Pois comparado ao meu amor
Ele é apenas,
O tempo meu amor

Blind Angel
Henrique Nápoles

Duvidas



Sou homem e duvido
Nada no mundo é certo
Os mistérios vem dos caminhos incertos
Apenas Deus tem o controle total

Não é racional que eu duvide?
Um amor desse jeito não deveria existir
Os filmes invejariam tal amor
Que fugiu das telas e se escondeu em nós

Como eu teria certeza?
Te vejo entre milhares de possibilidades
Eu teria sorte demais em te namorar
Minha sorte sempre me falhou, ou não?

Decidi não duvidar
Se minhas perguntas te machucam
Vou ignorar tal existência
Deixarei para traz qualquer interrogação
E não mais procurar
Eu quero é a duvida
Prefiro a duvida
Assim meu amor floresce melhor
Vou apenas confiar
Minha confiança diluirá a duvida
Não me importarei com passado ou futuro
Apenas aceitarem uma verdade absoluta
Que de manhã quando eu abrir meus olhos
Desejo com toda certeza
Te ver ainda dormindo
Do meu lado
Disso eu não tenho duvidas

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sacanagem

Traição

Fazer o que?

Eu não tenho defesa para tanta maldade

Você vem como que tem as melhores intenções

Cria, mente e engana

Para conseguir dominar o meu mundo

Fazê-lo girar ao redor de você

 

Isso sim é uma sacanagem

Se aproveitar de meu amor

De minha confiança

Cavar fundo em minha alma

E corromper toda a paz que eu guardava ali

 

É uma vida efêmera

Quando você vai ver isso

Fazer-me chorar não vai te salvar

Muito menos te perdoar

Eu quero que você preste atenção

No mal que crias em mim

Pois todo mal que fizeres

Um dia voltará para ti

Por minha mão ou por outra

O destino não há de perdoar

 

Então teme

Teme e muda agora

Para de me sufocar

De me atacar pelas sobras

Mostra teu rosto e nele um sorriso

DIz que me ama e me acaricia

Senta do meu lado e conta uma história

Passa para minha mão teu punhal

Só assim eu poderia te perdoar

terça-feira, 15 de março de 2011

Negação


Como negar você
Simples como um beijo
Forte como um furacão
Não consigo te negar

Te entrego tudo que tenho
Todas minhas roupas
Minhas esperanças
Meu futuro dependerá de você

Pede que eu te dou
Essa é minha nova regra
Regra nova que nunca tive ou admitiria
Rege agora minhas decisões

Como resistir a tentação de te deixar feliz
Ver como você sorri é meu novo vicio
Meu sangue está preso a isso
Dependo de sua felicidade para viver

É assim que me sinto
Nenhum passo mais será dado
Apenas oro para que todos os meus sacrifícios
Mantenham você sorrindo para sempre

Henrique Nápoles
Blind Angel

domingo, 13 de março de 2011

Encruzilhadas


Tudo começa com uma escolha
Qual caminho deves seguir
Qual roupa usar
Para quem devo ligar
Vivíamos longe um do outro
Lugares completamente diferentes
Com obrigações e prazeres singulares
Mas entre milhares havia um caminho
Uma estrada apenas
Essa te levarias a mim
Eu decidi esperar
Tu decidiste vir
Nem sonhavas que me escolhia
Mas percorrias o caminho pois era teu sonho
Nem me percebias
Inocente de que teus passos eram na minha direção
E eu estático
Enquanto você se movia
Eu estático
Deixei o valioso tempo passar
Era a unica maneira de ficar na estrada
A mesma que tu caminhavas
Sentiamos a ligação
Impulsionava nossos corpos adiante
Na curiosidade de que haveria ao fim
Que meu caminho e o seu se cruzariam
A uma unica encruzilhada
Ali um sonho se realizaria

Quantas escolhas improváveis me trouxe a você
Quantos momentos eu decidi você
Nunca saberia
A sequencia que revela o homem seu destino é misteriosa
Por um motivo simples
Existem encruzilhadas
E estamos destinados a elas
Sabemos que todos nossos encontros são encruzilhadas
Nossos trabalhos decididos anos atrás
tudo seria tão diferente se optasse outro caminho
Um engenheiro poderia ter sido médico
Um filosofo seria um palhaço
Tudo isso foram escolhas
Escolhas semelhantes as tuas
Te moveram na minha direção
Acertaste todas as questões
Passaste em todos os testes
Agora podes viver um sonho
Pois escolheste a mim
Mesmo inocente

Henrique Nápoles
Blind Angel

quinta-feira, 3 de março de 2011

Longe de tudo


Pernas se movem sozinhas
Querem me levar a algum lugar
Que tudo seja simples
Para encontrar uma paz

A estrada me parece ser a mesma
A paisagem que nunca muda
Uma onda de melancolia me acomete
O mundo pareceu estático

Figuras sombrias ficam para trás
As perguntas inconvenientes ficam para trás
Meus pés são meus maiores aliados
Deixam no passado tudo que não agrada

Posso ser feliz agora
Sei que um dia vou chegar
A um estado de espírito
Que tudo fará desaparecer

Henrique Nápoles
Blind Angel

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Elisa e o anjo


Oh Pai que me escutas agora! És o senhor da criação, a origem de toda a vida e quem seria seu senão seu servo e amado filho. Tenho em ti a imagem de minha ultima esperança para que tua misericórdia me poupe dessa dor novamente. Sabes que vivi milênios sob tuas normas e regras. Sempre olhar pelos humanos sem permitir que os lobos do inferno devorem suas almas. E eu não tenho sido o mais tenaz guardião? Não tem sido eu a sentinela frente os portões do abismo? Não fui um valoroso guerreiro na batalha contra lúcifer e seus decaídos? Sei que compreendes minha fidelidade, pois é a ti e somente a ti que eu adoro.

Foram tuas palavras mudariam minha existência. Nada mais natural que interviesse na vida de um de teus tantos filhos. A ordem simples, mas conhecendo meu coração, tu sabias que me resgataria do sereno na vigília. Lembro ainda do dia em que escutei tua voz. Eu pairava sobre os céus sentindo tua presença na beleza da criação quando falaste para mim como apenas tu podes.

- Salve-a minha criança! — Tu ordenaste — Sábio és tu que me atende Enriel, pois o destino de tua protegida é especial.

Escutei e abri minhas asas ao destino. Mandaste-me resgatar uma garotinha que brincava ainda de bonecas das mãos de um pobre humano, perdido e sem poder sobre sua própria alma. Ele tinha levado a um novo nível o significado de opressão demoníaca e via na garota uma ameaça a sua comunidade. Quantos erros podem os humanos cometer? Explica-me senhor? Como podes amar criaturas que acusam crianças de bruxaria e ameaçam purificá-la com fogo? Deixa-me lembrar quando foi que isso aconteceu. Acredito que fora no auge na idade das trevas quando a Santa Inquisição começara a sua santa cruzada contra as mulheres da terra.

Quando eles ascenderam o fogo que deveria queimá-la, eu abri minhas asas e mostrei todo meu esplendor aos que vieram assistir sua execução. “Desci dos céus para proteger essa inocente!” Minhas asas a protegeram do fogo o tempo necessário para tirar ela daquele palco de morte e loucura. Entreguei-a um mosteiro onde deveria ser criada e protegida. Para mim minha missão estava concluída e eu tinha com sucesso satisfeito tua vontade. Mais um milagre fora realizado em teu nome.


Completada como estava, mas tua vontade ainda não estava saciada:

— Enriel meu filho. Obedece teu pai que ordenas continuar tua missão. Cuida desta menina, pois o seu destino é santo.

Sabias que meu destino era amar a garota que devia proteger e ainda sim testaste minha alma apenas para que eu pudesse sentir na minha pele o fracasso. Como não iria me apaixonar? Elisa era a mais bela e pura entre todas as criaturas e nem os anjos poderiam contestar a essa verdade. Essa pureza fora conservada quando fora criada por homens santos.

O tempo quando se tem milênios passa em um piscar de olhos, e quando eu menos notei ela já possuía as formas de uma mulher e pela primeira vez em toda a minha existência eu desejei uma mulher. Mas ela se esqueceu do seu anjo. O anjo que ficou por perto para guardá-la. Anjo fraco e lascivo, não se conteve em sua luxúria que como um humano a ela se apresentou. Isso senhor, eu sei que cometi um pecado, um dos que não posso me dar o luxo de me arrepender, pois foi essa mentira que me permitiu viver todos aqueles momentos com Elisa. O pecado então se torna tão relativo. Será que sou condenável? Escondi minha verdadeira forma porque me apaixonei pela minha protegida e eu não poderia aceitar o fato que ela se esqueceu do dia em que a tirei da fogueira. Senti ciúmes, senti inveja, senti raiva e me senti um decaído.

Aos seus ouvidos Senhor eu devo parecer um traidor. Mais um Judas que cheio de boas intenções faltei com ti. Mas podes me culpar? Podes me culpar se foi tu me deste esse sentimento tão profundo? Mas senti uma dádiva tua , ó pai, então me entreguei.

Eu a cortejei da melhor maneira que uma mulher poderia ser cortejada, e não depois de muito tempo eu e Elisa éramos marido e mulher. Orei para que tu não olhasses para mim nesse dia. Enquanto o sacerdote abençoava clamando teu nome eu imaginava se seria possível. Seria possível que tu realmente abençoaste meu casamento com Elisa? Ou se tivesse pena de teu filho, pois em tua infinita sabedoria sabias que eu estava fadado ao sofrimento. Elisa não era um anjo, e como tal estava presa ao destino de definhar com o tempo e finalmente morrer.

O tempo passa ainda mais rápido quando se está feliz. Morávamos não muito longe do monastério onde ela fora criada, mas era um lugar realmente abençoado na criação. Uma casa pequena e um riacho, um cachorro e uma vaca, e finalmente apenas eu e Elisa. Nunca me atrevi a ter filhos e isso sempre a incomodou, mas acabou por usar todo aquele instinto maternal em mim. Eu a deixei acreditar que estava envelhecendo junto com ela, fui mudando minha aparência de acordo com o tempo, mas mesmo que eu pudesse a enganar, ela não poderia enganar a morte.


Oh anjo negro! Quando eu te vi se aproximando de minha amada notei em teus olhos fundos o sofrimento que tuas ações iriam me trazer. Eu implorei Oh pai. Eu pedi ao meu irmão que me desse mais tempo com ela. Eu necessitava mais tempo. Ele me concedeu contra tuas ordens naturais, e me deu mais dez anos com Eliza em troca de um favor. Antes de saber do que se tratava eu aceitei.

Eu tive meus dez anos com Eliza, mas a morte sempre coleta o que lhe pertence e finalmente ele a levou. Meu deus, eu não quero ter que passar por isso novamente. Temo por minha sanidade. Eu te amo com todas as minhas forças, mas naquele momento eu me senti abandonado. Foi então quando me vi obrigado a obedecer outro que não a ti senhor. A morte coletou seu favor e me ordenou criar a maior praga da história da humanidade. Ele sabia que eu possuía tal poder, um poder concedido por ti, que deveria derrubar asas de anjos decaídos em pleno vôo. Esse poder fora usado pela morte e em nome da morte. Criei uma doença e matei quase um terço do mundo.

Nada mais importava. Elisa tinha morrido e o mundo se tornara cinza. Nunca poderia esquecer a sua face sem vida. Então que o mundo se tornasse um inferno. Mas falaste comigo novamente. Poucas palavras foram suficientes. Tu apaziguaste minha alma e encheste de esperança os meus olhos. Renovaste minha fé e meu amor em ti.

—Enriel não desconta tua ira no homem. Salva meu povo que tua mulher voltará a viver novamente. Deves esperar por ela, que ela deverá nascer, pois o seu destino é especial.

Com essas palavras abençoaste meu amor por uma mortal, e isso para mim senhor foi toda a benção que eu necessitava. Lembro que chorei de remorso por décadas. Mas quando consegui erguer a cabeça perante meus pecados, contra a vontade da morte, eliminei a minha praga da face da terra e decidi que esperaria por Eliza.

Não mais do que cem anos depois de sua morte, eu vivia em Florença no auge de um movimento de artes e ciências. O homem ganhava pernas e a usava para se afastar de ti. Surgiram então ateus, homens que renunciaram ao pai como o unico salvador. A tua igreja era liderada por pecadores que não conheciam remorço nem a tua palavra. Eles causavam mais medo que admiração ao seu rebanho, pregavam o fogo do inferno ao invés do paraíso de tua presença. Esta era a imagem do mundo que eu vivia, pois esperava o prometido regresso, e nesse turbilhão de mudanças eu realmente a encontrei.

Ângela era seu novo nome, mas eu podia ver claramente sua essência. Ela vendia flores campestres na praça central com a mesma pureza na qual me apaixonei. Meu coração bateu forte. Cem anos haviam se passado para que eu pudesse falar com ela e finalmente lá estava ela, como se estivesse me esperando. Tive medo, sim Pai eu tive medo da sua rejeição. Será que em sua alma ainda havia a memória daqueles anos que viveu como minha esposa? Pior... Será que a mantiveste ao teu lado, ou a punisse por meus pecados? Meu Pai é um Deus de amor, mas também é justo.
Tive que ousar e implorei para que ela me permitisse pintar uma tela com sua imagem. Eu me tornaria um pintor e necessitava de uma musa, alguem para dar cor as minhas telas e injetar vida ao meu mundo. Se alguém conseguiria fazer isso era ela.

Cabelos loiros na tela, olhos de mel doces como o leite do paraíso. Era assim que eu a desenhava. Seus olhos puros e sem nenhuma malícia do que o mundo tendia a sujar. Eu estava pintando o meu eterno amor, e a minha sinceridade a alcançou o suficiente para o cupido lhe fazer uma visita. Estávamos apaixonados. O matrimonio foi apenas a conseqüência natural das noites que passamos juntos, mas dessa vez eu não senti vergonha em olhar para ti, eu sabia que tu abençoaste meu amor e o fizesse a colocando em meu caminho novamente.

Cada dia que passei ao seu lado eu agradeci a ti e pedia para que tua benevolência afastasse o anjo da morte, pois temia que meu perdendo meu amor novamente eu perdesse a sanidade juntamente com o coração em meu peito.

Então senti na pele a força do amor que uma mãe pode ter. Ela teria que ter um filho. Eu podia ver através dela que esse era um vazio que eu não poderia preencher. Mas temia as conseqüências de fecundá-la. Nunca antes houvera uma mistura de um anjo com uma humana, e provavelmente ela não sobreviveria a gravidez de um ser hibrido.

Então Gabriel me deu uma solução. Eu poderia satisfazer Ângela sem por em risco sua vida. Soube através de meu irmão que Nápoles tinha uma igreja, uma igreja afastada da cidade que necessitava de cuidados. Ali funcionaria um orfanato. Viveríamos lá como zeladores da igreja e do orfanato sob o serviço do Padre Gillhermo, um homem de bom coração.


Deus tu sabes o que faz, tu sabes o que é certo, tu sabes o que teus filhos precisam fazer para serem felizes. Tu enviaste Gabriel e por ele tomei a decisão mais acertada. Ângela tomou conta de centenas de crianças e a elas se entregou. Eu assisti enquanto sua alma crescia a cada dia se tornando algo que nunca se veria na terra, por isso a cada dia que passava eu estava mais apaixonado.

Ângela superara a bondade dos humanos e por isso a cidade de Nápoles a amou. Muitos homens e mulheres atravessavam longos distancias em busca de conselhos e voltavam ou satisfeitos ou irritados por não conseguirem o que vieram buscar.

Mas nosso amor era grande, grande demais para ficar nos olhares, e quando a noite caía e os casais se juntavam para dormir, nós fazíamos amor. Isso foi minha dor. Pobre de mim no dia que descobri que estava grávida.

Não permiti que ela descobrisse que isso me desagradava, eu não queria estragar sua felicidade, nem das crianças do orfanato que fizeram maior festa quando descobriram que Mãe Ângela estava grávida. Eles teriam um novo irmão.

Quando os nove meses se passaram o terror me acomete. Ao raiar do dia a morte se aproxima de mim com palavras suaves e trazendo apenas paz:

— Tua esposa terá um filho Enriel. Mas isso custará à vida dela.
As palavras da morte, não importam como sejam ditas, são duras e trazem em sim as lagrimas da perda de alguém amado. Eu não poderia aceitar perder Elisa novamente.
—Não aceito. Uso meu poder contra ti. Removo-te da existência se tocar um dedo em Elisa novamente. Nem que eu tinha que encarar novamente as legiões de lúcifer. Eu não vou perdê-la novamente.

Mas a morte ainda serena e complacente com minha dor falou naquela sua voz rouca:

— Te alegra irmão. O nome de tua esposa será consagrado entre os homens e os anjos. Teu filho fará grandes coisas e será tanto anjo quanto homem. Ele será seguido por milhares e tentará mudar o mundo. Para o que ele está destinado a fazer, tua dor não é nada. Desde quando o mais forte entre os anjos de Deus se tornou tão egoísta? Desde quando a tu és permitido negar a Deus o direito natural de se juntar a seus filhos?
— Mas eu a amo e não quero séculos sem Elisa.
— Se a amas de verdade, deves deixá-la seguir em frente. Não podes ir contra o destino escrito por Deus. Nem para ti, nem para ela. Não importa quão forte você seja. O que está escrito virá a se passar, os que vão contra essa regra encontram apenas dor.

Oh deus! A dor novamente que me acometeu. O que fazer? Será essa realmente tua vontade? Será esse realmente o destino que tu me preveniste. O destino santo de se sacrificar em pro da humanidade trazendo a terra um ser humano e celestial? Meu sangue!

— Que seja então. Imploro humildemente, porém que me permita vê-la outra vez, nem que seja após quinhentos anos.
— Todos os homens voltam a terra, até se tornarem anjos. O tempo eu não posso te dizer irmão, mas tenhas certeza que a verás novamente.

A morte neste dia estava com um rosto completamente mudado. Ela estava mudada. Não havia necessidade do mal que ela carregava, nem da face bruta de monstro. O homem se encarregara desse trabalho, ela apenas se tornou um meio de transporte de um mundo para o outro. Ela me disse que no dia que meu filho fosse nascer ele levaria Elisa novamente. Ele a levaria numa carruagem dourada, pois ela não merecia menos do que isso.

Sabes que eu a curti. Durante seus últimos dias nessa vida eu a curti como podia. Não permiti distrações e passei as duas ultimas semanas com a cabeça em seu colo recebendo um caloroso cafuné. Mas a morte tinha falado a verdade e ao sentir a primeira contração, eu me permiti cair em prantos. Ela assustada queria saber porque eu chorava tanto, nada pude fazer a não ser avisá-la que morreria naquele parto. Para minha surpresa ela já sabia. Disse-me que o que estava carregando não poderia ser uma criança comum e como tal requeria maiores sacrifícios. Pegou a minha mão e disse que estava tudo bem. Tudo acontece com a permissão de Deus, e que quando ela se fosse, eu deveria lembrar-me disso.

Como ela sabia disso? Eu não sei. Será que tu a visitaste em suas orações? Eu sei que ela mereceria escutar tua voz, mas como ter certeza? Será que Gabriel a visitou como mensageiro de tua vontade? Ele me diria. Avisaria-me que meu amor eterno já não era inocente em relação ao seu destino.

Na segunda contração luzes desceram do céu. Eram anjos que vieram ver o nascimento de meu filho. Ele nasceu sobre grande festa nos céus, e como fora prometido, a morte veio ceifar a alma de minha esposa em uma carruagem dourada.

Muitos homens vieram ver o porquê que as luzes caíam dos céus, porque elas levavam a igrejinha isolada da civilização. Viram os anjos e o meu filho sendo levado por eles. Viram Ângela sendo entrando na carruagem e homenageada como merecia. Pois nascia um anjo e um homem também. Seu nome foi escolhido por Miguel e ele o batizou de Mikael, filho do céu e da terra.
Eles fizeram o que são acostumados a fazer. “Santa, santa, santa!” Gritavam para o mundo dos cristãos e rapidamente minha esposa deixou de ser Ângela a se tornar Santa Ângela, a santa protetora das crianças abandonadas. E novamente como prometido à história fez questão de esquecer que Santa Ângela possuía um marido como eu.


Assim minha família foi tirada de mim. Sei que um anjo não deveria ter aspirações tão egoístas, não deveria pensar em mais nada do que maneiras de te servir, senhor. Mas novamente, por tua honra eu estava só. Dividido entre a felicidade de ter cumprido teu desejo e a dor de perder minha humanidade. Ela era a única linha que me prendia ao humano que poderia ser.
Perdoe-me pensar assim senhor, mas o mundo que tu criaste se tornou cruel e vil. Apenas viver nesse lugar se tornou uma penúria sem limite. Não conseguiria mais viver sem sentir na pele o calor de tua luz. Então, depois de muito tempo, abri minhas asas e voei de volta ao paraíso. Sabia que não me seria permitido encontrar com Elisa. Ela entre tantas almas humanas voltou a fazer parte do Deus que a amou durante sua vida.

O tempo curou as feridas que acumulei na Itália. E eu deixei de ser homem para ser um glorioso anjo novamente. Minha aura era como antes novamente, tomei meu lugar entre meus irmãos e fui recebido como herói. Lembrei de quem eu era. Lembrei de quem eu podia ser e de minha missão. Deveria guardar os portões do abismo e manter as almas inocentes longe das tentações dos seguidores de lúcifer. Por isso me deste todo meu poder de destruição. Eu era tua adaga, tua arma contra teu inimigo, o escudo de teus filhos, e não poderia falhar ou falar em egoísmo. Um ser como eu não deveria ter o luxo de amar, talvez tenha sido isso que tu tentaste me ensinar. Uma lição difícil de aprender, mas eu sou um anjo e não sou perfeito. Em troca disso me tornava mais poderoso e capaz de executar qualquer pedido seu. Eu rasgaria os céus! E deles derrubaria mil anjos! Se esse fosse teu desejo. Mas não era. Desejaste que eu a encontrasse novamente. Foi como uma lança em meu coração celestial. Eu temia que a encontrasse perdesse minha identidade novamente.

— Enriel mim Filho. Conheces meu amor e eu conheço o teu. Sabes que meus planos são absolutos e te levarão aos meus braços, pois todos os pais amam seus filhos, tu não és diferente. Guardar-te-ei entre os meus favoritos, em troca tu deves executar minha vontade na terra. Tu serás minha vontade encarnada. Minha ira e meu amor para com os meus filhos.
— Sim pai é a ti que eu me entrego. Meu corpo é tua arma. Faz de minha carne tua ferramenta para espalhar a bondade e a fé de teu filho.
— Olhas para o mundo agora Enriel. És capas de ver o homem faz. Mesmo eu tendo sacrificado meu próprio filho para lhes mostrar um caminho, eles ainda sim me traem. Nada diferente de seus ancestrais que levam a Eva e Adão.
—Ela faz guerra, meu senhor. Mata o semelhante e a terra com pólvora e metal. Usa o intelecto para o mal, se corrompe e usa as bênçãos que tu os presenteaste para disseminar a dor e os preceitos de teu inimigo. Enquanto eu guardei a terra segura das legiões o próprio homem se tornou um demônio. Mal em essência. A terra precisa de uma punição.
— Preciso que tu intervenhas filho. Preciso que tu vás ao lugar onde você quando humano perdeste tudo.
—Teu desejo se tornará uma realidade.
—Teus irmão foram enviados em outras partes do mundo, cada um com a promessa de não falhar e não espero nada diferente de ti. Salvas os que lá moram. Salvas as crianças e salvas o sacerdote. Eu tenho um plano para elas, e ainda não chegou a hora. O homem se aproxima carregando as armas da tecnologia e do ódio. Se nada fizeres eles sucumbirão. Isso não é de meu desejo, nem de meus planos. Não irás falhar. Foi por isso que te criei. És o mais poderoso dos anjos e o mais fiel. Serves novamente e te tornarás completo novamente.
— Deixa-me ser tua lança Pai, ao invés do teu escudo. Deixa-me mostra aos homens que tua ira é verdadeira. Deixa-me tornar os homens temerosos novamente. Porque não me envias a Alemanha, e me permite destruir o líder. A sua alma já está marcada ao inferno e os anjos do abismo estão roncando por Hitler e os seus.
— Tu ainda és um anjo tolo. Tu não sabes que se essa fosse minha vontade, minha vontade apenas seria o suficiente para destronar os nazistas da terra. Mas como todo pai eu ainda tenho no fundo a esperança que meus filhos voltem a mim. Como um exército de filhos pródigos.
— Me perdoa pai. Eu apenas queria te servir.
— Enriel por isso te envio. Pois irás lidar com meus filhos e por isso que tuas asas devem se tornar o escudo dos inocentes. Possuis uma alma pura calejada pela lembrança daqueles que se foram e entendes o que significa ser humano.


Eu entendi minha missão. Pensei que poderia se tornar mais complicada que rasgar os céus e derrubar anjos. Como pudeste pedir que eu me tornasse novamente humano? Lançando-me novamente naquele reino de insensatez. Eu naturalmente viria a perder minha mente e a pureza de minhas asas. Principalmente quando eu vi a nuvem que cobria a Europa naqueles dias. Podíamos sentir na pele a dor dos homens. Os filhos de deus que escolheram viver sobre seus mandamentos caíam um a um. “Deus morreu!” alguns gritavam. “Devemos Orar!” outros. Mas o importante é que ninguém tinha tempo para ti senhor. Eles deveriam correr para sobreviver, quem parasse um momento seria pego pela fúria nazista, faltava comida, faltava água, faltava dignidade, mas em uma igrejinha na Itália um grupo de crianças, um velho padre e uma garota ainda oravam verdadeiramente. Pediam por um milagre. E tu ouviste me enviando para eles.

Aproximei-me da igreja disfarçado de um jovem soldado. Pedi abrigo e comida como um teste de sua bondade. Eles e convidaram para entrar e foi quando eu a vi novamente. Eu estava me tornando humano. Minha fraqueza como anjo. A única que era capaz de matar o anjo que vivia em mim.
Elisa estava mais linda do que todas as encarnações. Suas mãos calejadas pelo trabalho duro, seu corpo fragilizado pela guerra, mas ainda sim ela era muito bela, belíssima. Novamente me apaixonei. E a corda que tinha se partido, voltara a existir. Voltei a sentir os sentimentos humanos que antes me neguei.

Ela ainda me reconheceu. Como soldado ela não me conhecia, mas sua alma me esperava. Depois e alguns dias ela olhou nos meus olhos e disse:

— Eu estava te esperando. Porque você demorou tanto.

Eu ainda não tinha aprendido minha lição. Tu me ensinaste com tanto afinco, mas eu sou imperfeito, sou um anjo e como tal irei com certeza cumprir a missão que me foi confiada, mas não resisti a me entregar novamente a Elisa.

Eu não ousaria machucar nenhum de teus filhos, mas precisava cumprir minha missão. Minhas asas cobriram a igreja impedindo os nazistas de verem o que realmente estava lá. Foi assim que eu solucionei o problema. Nenhum com coração negro seria capas de ver a igreja, nos mantendo seguros pelo tempo que fosse necessário.

A guerra passou, Hitler caiu, o regime caiu e nenhum mal aconteceu com os que estavam na igreja. Eles não passaram fome, nem frio enquanto eu estive lá. E novamente eu perdi para Angela. Ela carregava o nome de Elisangela. Um nome lindo que deixava claro seu lugar na terra. “Enviada pelos anjos era o que significava”.

Amo demais Elisangela e seu amor é meu remédio contra as magoas da vida então deus que me escuta agora. Sei que tu sabias tudo o que eu contei. Conheces meu passado e conheces meu futuro. Eu ainda tenho esperança de viver com Elisa na terra novamente, esse é o mínimo que eu poderia conseguir. Mas peço a ti que respeite a vontade deste filho que te serviu por milênios. Peço que olhe para mim enquanto oro, senhor. Pois eu sou um anjo e ainda sim tenho a necessidade de tua ajuda. Sabes que com um toque meu eu poderia tornar Elisa a vida, sabes que eu poderia recuperar sua juventude e viveria para sempre com ela. Mas essas não são suas regras: O homem deve viver, envelhecer e morrer. Sina cruel no qual todos estão fadados. Mas peço a te que esta vez me escuta. Atende o único desejo que eu te faço, depois de milênios te servindo.

Um anjo não pode criar outro anjo. Não possuo esse poder, mas Deus se você vê algum merecimento em nosso amor. Protege do tempo meu amor por Eliza. Pega sua alma e transforma em um anjo de luz, assim ela poderia viver para sempre com tua benção e eu seria o teu filho mais feliz.
Me escuta, oh pai, tens piedade de meu sofrimento. Sou eterno e vou carregar para sempre a dor de perder meu amor. Tenho a sina mais cruel. O homem morre e renasce sem as memorias que o torturam. Um anjo não tem esse privilégio. Devemos nos lembrar para não cometermos o mesmo erro. Sei que um anjo não deve possuir uma paixão e que nosso único significado de existir é servir a ti, pai, mas tem misericordia e me protege de um futuro que eu não possa suportar.


— Enriel... Enriel meu filho. Criança minha.
— Deus tu me respondeste?
— Tens em ti os meus ensinamentos, és o mais poderoso de todos os anjos e um grande lider entre teus irmãos. Te valorizo, pois tu és meu filho e meu por te é eterno. Sobre teus desejos eles estavam escritos e por isso eu irei .........................................

CABE A CADA UM DECIDIR QUAL A RESPOSTA QUE DEUS DARIA. EU TENHO FÉ EM DEUS E MEU DEUS É UM DEUS DE AMOR. COMO É O SEU DEUS? ESPERO QUE CADA UM QUE LEIA ESSE CONTO, O TERMINE PARA MIM. BASTA ALGUMAS PALAVRAS DE UMA ESCOLHA DE DEUS. SERÁ QUE ELE POUPARÁ ENRIEL DA DOR DE PERDER ELISA NOVAMENTE E A TRANSFORMARÁ EM UM ANJO? OU ELE DECIDIRÁ QUE ELA DEVE MORRER COMO TODOS OS HOMENS?

Esperando por você


Jonas corria desesperado entre os entulhos de infinitas construções destruídas. O céu noturno que outrora refletia a escuridão no coração dos homens estava vermelho em chamas de guerra. Recife queimava pela ira do Führer.

- Tem que dar tempo! Eu tenho que conseguir! - Ofegava, pois não tinha tempo de recuperar seu fôlego, a determinação que nasce do desespero trazia à tona toda a força que precisava para continuar correndo. - Não acredito que Alicia fez isso comigo.

Tropeçou nos destroços que falhou em ver, uma pequena falha, tentou se equilibrar em vão, mas o erro lhe rendeu um mergulho de um andar em um edifício que costumava ser uma repartição pública. Caiu feio, de mau jeito, sentiu suas forças criadas apenas pela adrenalina se esvaírem e de repente perdeu a consciência.

Quando acordou não sabia quanto tempo tinha perdido, mas parecia que havia perdido eras, o que era noite agora mostrava as primeiras luzes do sol e a morte da esperança de alcançar Alicia antes que ela entrasse ano transporte. Sentiu-se impotente, então Jonas chorou. Chorou como qualquer humano que tem direito de gritar por algo que não consegue sozinho. Esqueceu os sons dos tiros e dos canhões que perfuravam a alma de sua cidade amada. Esqueceu que estava, ainda, em meio a um campo de batalha.

- Arr!! Deus! Não falo com você há décadas, mas olha para mim agora. Permita que eu corrija meu erro.

Jonas sentiu uma presença se aproximando. O som de passos num terreno tão destruído é muito difícil de esconder. Tentou buscar a arma, mas o visitante era rápido e chutou a pistola que carregava no cinturão para longe.

- Hum... É raro ver alguém que viu tanta guerra, ainda acreditar em Deus. Mas ainda não decidi se essa demonstração de fé não se trata na verdade de desespero apenas.

A voz falava português e era muito familiar. Respirou fundo em alivio, não era o filho da puta de um nazista. Reconheceu seu colega de combate. Anos de experiência nessa guerra atroz desde que o Eixo fascista decidiu que o Brasil deveria cair.

- Daniel! Ajuda-me. Alicia pegou meus documentos e foi para a linha de frente em meu lugar!
- O que?! Como você deixou isso acontecer? Que tipo de marido você é? Pensei que ela estaria segura com você.


O silêncio foi uma resposta que Daniel não esperava. Quando Jonas pensou em falar algum tipo de artilharia explodiu por perto e o prédio onde estavam tremia como um terremoto. Sua estrutura não agüentaria mais muito tempo.

- Você não tem nada a dizer?
- Ela me prendeu na cama. Pegou meus papeis e se foi.

Daniel caminhava de um lado para o outro. Pensativo, pois claramente escolhia as palavras que falaria com cuidado.

- Eu sei Jonas. Eu a vi. Por isso vim te procurar. Saber o que aconteceu com você. Ela não se passou por você usando seus documentos, provavelmente os levou como lembrança, ela apenas entrou no quartel e pediu por uma arma, logo foi aceita no mesmo pelotão que você. - Mirou nos olhos do amigo as próximas palavras. - Eu a vi subindo no transporte a não muito tempo.

A raiva substituiu a tristeza e logo o soldado se recuperava da queda, não poderia correr, mas ao menos começou a se mover novamente em direção ao quartel. Se ela estava na linha de frente, ele também iria e, chegando lá, a protegeria de qualquer coisa. Daniel vendo o amigo se esforçar se posicionou para ajudar o colega a caminhar apoiando o ombro.
Depois de um tempo de caminhada Jonas deixou escapar sua revolta.

- Como o comandante se atreveu a aceitar ela? Minha mulher? Esta traição não ficará impune.
- Esses são tempos difíceis. Faz um tempo que o desespero tomou conta do alto escalão. Estão aceitando todos, crianças, mulheres, idosos. Qualquer um que consiga atirar uma arma.

Jonas notou algo. Virou-se para o companheiro e com força o segurou pela gola do uniforme. Jonas era forte e conhecido por tal. Daniel não reagia enquanto seu amigo gritava com o rosto próximo do seu.

- E você? O que você está fazendo aqui!?
- Calma, Jonas! Eu tenho uma missão diferente agora. Diferente de apenas fazer buracos nos inimigos. Um trabalho fora do exercito e bem complicado se você me permite dizer.

Jonas fez uma bela base nas pernas e juntou suas forças o suficiente para lançar o amigo na parede. Sua voz estava triste e buscava desesperadamente consolo.

- Ainda me soa como deserção. Não importa Daniel. Talvez se eu tivesse feito o mesmo eu não estivesse nessa situação.
- Garanto-te que eu não fugi. Nem pensei em fugir. Mas você quer minha ajuda ou não.


Jonas se apoiou numa pilastra, mas esta estava destruída, e logo cedeu levando o Soldado Junto. No chão ele virou-se para o amigo que caíra num local podre onde ratos faziam ninhos:

- Porque você não a levou com você? - Não olhava no olho companheiro. Esse era um assunto que o incomodava bastante. - Eu sei que você a amou também.
- Eu não poderia Jonas. Não era justo com ela. Ela não estava pensando em nada mais, além de você.
- Por causa disso você a deixa para a morte?

Mesmo desafiando a dor ele se moveu rapidamente surpreendendo Daniel que se preparava para se levantar e socou fortemente o ouvido direito que cambaleia e vai desmoronar novamente na podridão que se encontrava. Dessa vez sem o apoio do amigo, Jonas perde a forca das pernas e também cai.

Daniel se levanta ainda calmo, mas sua face esboçava a face de quem não tinha gostado da demonstração de força. Limpou-se rapidamente da podridão em que fora lançado, respirou fundo e finalmente ajuda o companheiro machucado a andar, mas se aproximou com cautela para não ser atacado novamente.

- Eu vim te buscar amigo. - A voz de Daniel estava diferente, era aconchegante e passava a impressão que nada podia atingi-lo, nem toda violência que Jonas poderia gerar. - Nós vamos buscá-la agora. Não é? Não é isso que você deseja? Por deus vocês dois são muito complicados.
- Você sabe onde ela esta Daniel?
- Você sabe também. Ela esta onde deveria estar. Onde você a deixou.
- Porque você não fala mais claro.
- Amigo, está na hora de se lembrar. Para ir buscar ela, você tem que se lembrar, ou não será capaz de vê-la. Tem que se lembrar o que aconteceu com você?
Depois de alguns instantes, pensativo, Jonas retornou confuso:
- Ajuda-me. Do que você esta falando? Algo me martela agora na cabeça, mas eu não sei dizer o que é.
- Como Alicia conseguiu prender um homem do seu tamanho na cama?
- Eu... Eu penso que estava dormindo.
- Era realmente dormindo que você estava?
- Daniel. Onde você quer levar? Diz logo! Eu não acredito em mais nada que você diz!
- Não era dormindo que você estava.

Lagrimas caíram do rosto de Jonas enquanto ele se lembrava da verdade. As poucas palavras com seu companheiro fizeram com que algo estalasse dentro dele e uma cachoeira de lembranças viessem a tona. Lembranças escondidas e trancafiadas por não conseguir lidar com a verdade. Ele fora a guerra, durante três anos defendeu o Recife dos Nazistas. Em meio ao calor de uma batalha, recebeu um ferimento que só o mataria horas depois, deitado em sua cama com Alicia em seu colo jurando amor eterno.

Ele lembrou que decidiu não descansar enquanto não ver Alicia segura daquele mundo insano onde o homem é o predador do homem. Ele não iria sem ela. Almas gêmeas são assim, ficam juntos até depois da morte.

- Daniel eu lembro. Lembrei de quase tudo. Mas e você companheiro? O que está fazendo aqui? Lembro de você vivo na ultima vez que te vi.
- Morri rápido e com consciência tranqüila. Fui o ultimo brasileiro a morrer na defesa de Olinda. Então não me chame novamente de desertor.
- Quando?
- Antes de você algumas semanas.

Jonas se lembrou que não sentia mais dor e que não possuía mais um corpo para quebrar, logo, recuperou suas forças e virou-se para o amigo. Ele parecia ansioso e assustado.

- Você disse que vamos buscá-la hoje? Ela morre hoje? Tão jovem?
- Sim e não. Hoje é o dia que ela parte para próxima vida, mas ela não esta mais tão jovem.
- Por deus homem do que você esta falando. Quando eu morri, ela tinha vinte e dois anos.
- Você precisa tomar conhecimento do tempo em que estamos. Assim saberás o tempo que passasse preso em tua própria consciência.

Jonas estava atento. Ele entendia plenamente o significado das palavras que Daniel falava. Uma sabedoria começou a invadi-lo no momento que ele se abriu a ela.

- A segunda guerra acabou Jonas. Alicia morre hoje de velhice. Ela tem quase noventa anos.
- O que eu estive fazendo todo esse tempo?
- Você procurou por ela nesse mundo que você mesmo criou. Por quase sessenta anos você correu, caiu, feriu-se, matou, morreu procurando por ela nessa batalha que é o retrato de suas memórias daquela época.

Eles pareciam em paz. O cenário de guerra foi paulatinamente sendo substituído por um quarto de hospital, onde uma senhora jazia deitada na cama e cercada de familiares e amigos. O ambiente era de dor. Uns mais fortes tentavam consolar os outros que choravam copiosamente. O tempo passou e ele escutou palavras bonitas sobre Alicia e sobre o modo que ela levou a vida. Menção sobre o amor de sua vida e sobre as batalhas, não apenas as armadas, mas as batalhas que uma mãe viúva tem que passar. Enfim chegou a hora que seu coração parou e os médicos desistiram de trazê-la de volta a vida.


Alicia pôde passar para o outro lado. Logo pode ver Jonas a esperando. Abandonou o aspecto da velhice recuperando a aparência que mais lhe agradava, a do tempo que viveu com Jonas. Daniel não se fazia presente, pois seu trabalho havia terminado.

Depois de se tocarem e abraçarem, Jonas ainda sem palavras na boca escutou o que sua esposa tinha a dizer.

- Eu sempre soube que você estava comigo - Ela o abraçou carinhosamente - Obrigado por me esperar.

Homem Nú

Acordei... Meu café da manhã estava no criado mudo, ainda quente. Eu tinha tudo, menos o que eu realmente queria. Ana me deixara essa manhã, como ela disse que o faria. Ainda bem para ela. Minhas lagrimas não foram feitas para apagar minhas brutalidades.

Ela deixou a janela aberta. Sinto o frio que o vento matinal carrega. Minha cabana, construída apenas para ela, já não está tão nova. Como nosso amor o tempo corroeu sua madeira matriz. Mas o tempo não poderia fazer toda essa desgraça sozinho, teve ajuda do meu temperamento irracional.

Quando construí nossa simples morada, minhas mãos ainda eram jovens. Lembro ter escolhido um lugar alto com uma bela vista, mas acabei obedecendo a seu desejo e fiz na beira de um riacho no cerne de uma floresta, que agora, vendo a primavera em seu auge, entendo sua escolha.

Devo me levantar. Essa cama não será tão confortável para sempre. Será a ultima vez que experimentarei a comida dela? Sem duvida essa parece ter sido muito bem preparada. Talvez... Talvez, apesar de toda a dor que lhe causei ela ainda me ame e lembre-se de nossa juventude.

Não... Basta! De nada adianta eu me enganar, não tenho razões para tal, afinal ainda possuo algum vigor! Quem essa mulher pensa que é me abandonando? Eu que a expulsei de minha casa! Vou apenas trocá-la. Deve existir outra mulher que queira um teto sobre a cabeça e um bruto na cama.

Devo parar com essa baboseira. Eu sei mais que nunca amarei outra mulher como Ana e que nenhuma dor parece sarar até poder beijá-la outra vez. Então está decidido. Ela te tudo para mim. Não sou homem suficiente para suportar a dor de sua perda sem amargurar. Não vou odiá-la por ter me deixado, mas vou encontrá-la e trarei de volta para mim o que importa.

Que som é esse? Alguém se aproxima. Eu conheço esse cheiro. Ana... Como o coração de um homem é tolo. Hoje, na primavera, ela iria buscar frutas silvestres. Ela nunca me deixou. Esse sentimento é ótimo, o de ter algo que estava perdido. Um alivio. Vou abraçá-la e beijá-la como agradecimento ao Deus que me deu a vida somando uma promessa que nunca mais Ana ira chorar pela minha causa.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sangue e Glória


Foi nas nevoas da cidade de Nova Britania que o bebê fora abandonado. Aos olhares dos homens uma criança que causava temor nos seus corações. Uzantar estava escrito na caixa e esse foi o nome dado a criança. No dia de seu nascimento foi o exato dia em que o bom Lord da terra morreu, por isso em seu rosto fora tatuado a marca do infortúnio.

Viver em sociedade marcado era complicado para o jovem Urzantar, causa de deixar-se levar pela simplicidade da natureza. Passava dias longe de qualquer contato, o que explicava a sua dificuldade de comunicação. Com seu machado tirou seu sustento, virou um forte lenhador, dos quais as mãos cheias de calos imploravam que ele escolhesse outro caminho.

O preconceito com suas marcas diminuía seus clientes então, pela fome, recorreu à caça, porém como os arredores foram devastados pela civilização humana, não havia espaço para a natureza. As viagens, a caça, se tornaram cada vez mais longas e muitas vezes sem sucesso. Passou fome, sede, cansaço sentindo o bafo da morte em sua porta muitas vezes, mas seguiu em frente, tinha essa garra em seu sangue. Recorreu ao furto muitas vezes, como qualquer miserável que sofria naquela época.

As toras de madeira se acumulavam em seu deposito, então ele descobriu uma maneira de utilizá-las da melhor forma para talvez ganhar algum ouro. O martelo e o serrote substituíram seu machado de lenhador, pois finalmente suas mãos calosas encontraram um novo propósito: De abatedor de arvores para carpinteiro.

Logo ele descobriu que levava jeito para o oficio então seguiu em frente desenvolvendo essa habilidade. Construiu peças simples, mas logo a complexidade fora completada com sua capacidade de talhar na madeira detalhes que agradavam os olhos dos nobres. Vendeu algumas peças a mercadores locais. Isso o satisfazia e tudo estava melhorando, mas em um dia tedioso outro renegado se apresentou a ele.

Era Grush-Nak, um bárbaro de força e coragem renomada entre os seus. Ele estava formando um exercito particular, uma força formada por renegados e qualquer outro homem ou mulher que não tinham nada a perder. Convidou Urzantar para participar, ele seria importante, pois sua fama de carpinteiro o precedia assim como sua força que ele ganhara nos anos como lenhador. Eles viajariam durante muito tempo atravessando as terras e os mares até que o exercito estivesse pronto para ser contratado como mercenários. Assim, fama e glória seriam suas metas finais. Quando o renegado usava tais palavras em público inspirava a todos e sonhavam com o dia da recompensa.

Vários dias passaram até que Urzantar pudesse decidir favoravelmente a proposta de Grush-nak. Como sua natureza comandava Urzantar possuía a capacidade de tirar os companheiros de muitas enrascadas, as maiorias eram emboscadas planejadas por aqueles que odiavam os renegados, em favor disso o líder acrescentou Kar em seu nome, que significaria o Pacífico. Nesse exercito ele seria Urzantar-Kar nele aprendeu a usar armas, armaduras, a combater se tornando um verdadeiro guerreiro, por fim toda aquela sua dificuldade de comunicação que antes possuía fora se dissipando como uma magia que perde sua força em frente ao seu senhor o tempo. Urzantar, o Pacifico. Repetia para si mesmo em momentos de meditação enquanto todos apoiavam sua ascensão no exercito.

Estiveram em Kull, Ellenora, Fangore outras cidades e nessas cidades juntaram companheiros que passaram a se considerar irmãos. Vingaram a morte dos assassinados tanto quanto brindaram o inicio de novas vidas para o grupo.

Em Kull seu primeiro contrato com sucesso. Deveriam defender um castelo que estava sobre cerco e assim o fizeram durante semanas, até que por uma idéia, de origem desconhecida, passaram a emboscar os recursos que eram trazidos para manter o cerco. Nada restou ao exercito inimigo a não ser a retirada.

Muitas outras vitórias se seguiram, como a guerra de Lhime ou o cerco a Falandar. Grush-Nak, então, se tornara arrogante e sua ideologia de igualdade, gloria, fama e segunda oportunidade fora, aos poucos, destruída por seus próprios vícios e fortuna.


Finalmente voltaram para Nova Britantia, onde um nobre enfurecido pela honra de sua filha os contratou para assassinar um poderoso homem. Deste dia fatídico Urzantar-kar aprendeu a não se meter em rixas de nobres.

O combate fora equilibrado, mas a derrota era inevitável. Os prisioneiros que podiam se mover, entre eles Urzantar, foram liberados depois de alguns meses dentro de uma masmorra, como forma de reconciliação entre os nobres.

Urzantar-Kar tentou montar novamente o grupo que lhe deu o que faltou em toda sua vida, o companheirismo. Voltou a viajar e pregar as idéias que o inspiraram conseguindo assim muitos companheiros. Assistiu muitos dos veteranos o abandonarem, tanto quanto treinou pessoalmente jovens esperançosos do futuro. Em fangore ouviu alguns sussurros de que Grush-nak poderia ter sobrevivido e encontrá-lo se tornou o objetivo de sua vida.

Morreu em um combate contra o exercito imperial de Fangore. Em sua ultima visão enquanto deixava seu corpo destruído cair viu o homem que tanto o inspirou retirando o elmo mostrando seu rosto ao moribundo, e sua verdadeira face, era Grush-Nak. Nak passou a significar: o traidor. Para seu povo Urzantar foi um herói e sua astucia e bondade inspirou os poderosos a proibir as marcas dos banidos.

Depois da morte de Urzantar ficou conhecido que a destruição do exercito pela primeira vez fora idéia de Grush-Nak. Ele havia recebido grandes porções de ouro para entregar seu exercito a nevoa da morte. Entregou informações cruciais sobre planos de batalha e outras inteligências que revelariam a necessidade de retaliação. Com esse ouro comprou terras e nobreza para si em um reino que julgava nunca ver novamente aqueles homens. Ao saber que Urzantar-Kar o procurava, temeu seu futuro e atacou covardemente de surpresa o acampamento onde estavam o Pacificador e seus companheiros.

Fama e glória, Grush-Nak reivindicou para si, mas em retorno perdeu sua gloria e ganhou a fama que merecia. Em todas as partes do reino gritavam pela cabeça do traidor, essas vozes viam dos amigos de Urzantar-Kar deixara para trás em sua busca incessante de Glória.

Grush-Nak, logo depois, morreu. Vítima de um dardo envenenado enquanto caçava com seus novos lacaios a origem foi desconhecida, porém ninguém se importou em investigar a morte de alguém como o traidor.

Traição I


Entre todas tu és a mais cruel
Logo eu que sempre tive fé em ti
Mesmo que o mundo me prevenisse
De tua alma suja

Arrependo de ter me deitado com ti inúmera vezes
Orei para que Deus te conservasse
Sem saber tua verdadeira face
Revelarias ainda tua traição

Quantos outros em minha cama deitaram
Consumiram de meu labor
Sentiram suas coxas macias
Ou viram minha foto na cabeceira?

Não tens o direito de ver minhas lagrimas
Encerro com você esse capítulo triste
Seguirei em frente em busca de alguém
Mas levo para sempre teu punhal

Henrique Nápoles
Blind Angel

Apocalipse


Deixa-me dizer o que eu vi essa noite
A cólera dos céus que caía sobre nós
As cores que desapareciam entre tons de vermelho e cinza
O mar de lagrimas que surgia entre os desaparecidos
E uma tristeza que reinou absoluta
Parecia que havia chegado à hora
A hora prometida
Mas nunca creditada
O homem passou a acreditar quando viu a natureza se voltando contra ele
Os céus cuspiram fogo nos povos
Os oceanos lambiam as cidades com ondas gigantescas
Furacões arrancavam os seus do chão e desapareciam para nunca mais serem encontrados
Homem encontrava com seu fim
Suas mãos foram inutilizadas
Tudo o que fora construído estava em pedaços
Tudo o que era vivo jazia agonizante
Era uma ira divina
Nada podia escapar da vedetta do criador
A mão que criara o mundo agora o destruía
O mundo se dividia
Cada um se voltou por sua própria vida
A espera de um salvador
Alguém para segurar os céus e os oceanos
Negociar com Deus uma extensão de prazo
Uma nova chance
Era tarde demais
O salvador é viera
Não foi escutado
O apocalipse já começara

Henrique Nápoles
Blind Angel