terça-feira, 24 de maio de 2011

Cabra Macho

Eita cabra froxo
Nem sabe que eu sô
Num sô filho de dotô
Mas sou macho muito pecador
Homem de muitas léguas e e de quebra
No meu caminho
Nem quem é doido
Consegue se metê

Eu num nasci de parteira
Abri meu caminho na peixera
E nem cicatriz ficô
Agradecido ao nosso senhor
Que minha mãe conservô

Num tem pé de mandiqueira que eu num deite
Num tem cabra enfezada que eu num derrube
Nem boi chifrudo que me fure
Sou o cabra mais macho do sertão
Ando no mundo carregando no peito o coração
A nas mãos o meu cunhão

Nem quero te dizer por onde ando
Ando na brasa e na água
Esquivando toda mágoa
Onde nem padimcirço sobrevuô

É tanto chão que nem tem fim
Eu o pangaré Aipim
Cruzando essa terra sem sentir dor
Perque dô é pra muié
Homi pega o que qué
Sem nenhuma besteira
Ou morre na peixeira
Antes mesmo de sentir a coceira

Agora to na cidade
Num tem nenhum luga para mi receber
Sou o homi mais macho do sertão
Aqui um mero cidadão
Perdido no desespero
Em busca de um emprego

Blind Angel
Henrique Nápoles

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