terça-feira, 24 de maio de 2011

Cabra Macho

Eita cabra froxo
Nem sabe que eu sô
Num sô filho de dotô
Mas sou macho muito pecador
Homem de muitas léguas e e de quebra
No meu caminho
Nem quem é doido
Consegue se metê

Eu num nasci de parteira
Abri meu caminho na peixera
E nem cicatriz ficô
Agradecido ao nosso senhor
Que minha mãe conservô

Num tem pé de mandiqueira que eu num deite
Num tem cabra enfezada que eu num derrube
Nem boi chifrudo que me fure
Sou o cabra mais macho do sertão
Ando no mundo carregando no peito o coração
A nas mãos o meu cunhão

Nem quero te dizer por onde ando
Ando na brasa e na água
Esquivando toda mágoa
Onde nem padimcirço sobrevuô

É tanto chão que nem tem fim
Eu o pangaré Aipim
Cruzando essa terra sem sentir dor
Perque dô é pra muié
Homi pega o que qué
Sem nenhuma besteira
Ou morre na peixeira
Antes mesmo de sentir a coceira

Agora to na cidade
Num tem nenhum luga para mi receber
Sou o homi mais macho do sertão
Aqui um mero cidadão
Perdido no desespero
Em busca de um emprego

Blind Angel
Henrique Nápoles

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O dia em que choveu sapos




Me surpreendi quando olhei para os céus
Haviam nuvens que nasciam do nada
Uma tempestade estava encomendada
Estava contente por estar em casa, quando notei
Água regaria a cidade novamente
Deixaria tudo molhado e ensopado
Mas provavelmente
Não cairia nenhum sapo do céu

Imagine minha cara de espanto
Quando escutei milhares de "coachar"
Do sapo o famoso canto
Mas o único som daquela hora

Caminhei cauteloso para fora
Com medo de até de meu rosto mostrar
Mesmo com o cuidado que fosse uma hora
Dei de cara com um Sapão a me encarar
Com certeza queria dizer algo
Nem que fosse um sim ou não
Pois estava tão incomodado
Com o anuncio das nuvens
Chuva estranha cairia
Para mostrar aos homens
O poder de Deus

O primeiro sapo caiu vazando no chão
Esborrachou-se no asfalto
Seguido pelo segundo e o milésimo
O povo como se gritasse mãos aos alto
Se assustaram com o fato
De mais de um sapo
Enfiar a cara no chão

Um atrás do outro chegavam
E cumpriam sua sina
No jornal da "matina"
Mostrava toda confusão
Que eu assistindo com o Sapão
Me explicando a situação.

"Esse homem não aprende
Tem que ser torcido
Aprender na pior vertente
Da educação do padecido
É praga no couro desse bicho!
De toda criação a mais importuna
Não vê que vivemos em comuna
Que de tanto lixo
Hoje temos um outro modo de viver.
São sacanas e a encarnação do mal
Não podem ser confiados
Nenhum sapo pode virar as costas
Sem tomar uma mão de sal
E morrer sufocado"


Eu tinha que aceitar
Que sabedoria o Sapão tinha
Até invadir a cozinha
Com a língua continuava a limpar

Passaram-se meses e muito tempo
E sapos mortos atolavam a cidade
O ambientalista gritava que era maldade
Era tudo culpa do aquecimento
Jornalista não se calou
Buscava a conspiração
Que em sua ambição
Encontrou a foto para expor
Pobre sapo de topless
Que coisa bizarra ele fotografou
Mas muito dinheiro ganhou
Porque era raro
O prefeito se levantou
Culpou seu assessor
O maior bajulador
Que o dinheiro podia pagar
E como não dá
Um estagiário teve que contratar
Apenas para a culpa tomar
Porque o universitário não soube explicar
Anfíbios malditos
Não paravam de chegar

Futebol ninguém jogava mais
Quando chutavam a bola
O goleiro em toda aquela pressão
Tinha que decidir se agarraria
O cururu também, ou não.

Formula 1 nem pensar
Era impossível qualquer carro andar
A nova corrida era diferente
Feito de um carro monstro
Assistido por muita gente
vendo os sapos esmagar.

Interessante mesmo era a nova modinha musical
Vestiram um grupo de sapo
Com um roupa banal
Penteado de gente do mal
E cantavam como mocinhas
Os sapos da vizinha
Faziam bem melhor

Até que um dia tudo parou
O homem se conscientizou
E todos os anfíbios sumiram
A cidade estava suja como nunca
E tomaram 2 anos para limpar
Todos os corpos de sapos
Até os que caíram no mar
E a civilização seguiu em frente
Mas em outra corrente
Porque viu que se Deus quiser
Nossa vida pode mudar
Afinal
Houve um dia que os sapos mergulhavam do céu
História que ninguém vai acreditar


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Uma criança e uma esperança




Você já sentiu na pele
Desde quando o sonho acabou
Que o mundo seguiria em frente
Nada o faria parar

Será que você já parou para pensar
Que sobreviver não seria suficiente
Seremos escravos do tempo
Esse tempo que nos força a crescer

Poderíamos até sonhar em nos arriscar
Adiar o Abater da criança interior
Mas seríamos esmagados pela hora que chama
Passaríamos os últimos dias em horror

Então somos reféns fadados a produzir
Eramos toda a esperança que surgira
Hoje, fonte de mais valia
Com pernas quebradas para não fugir

Deveríamos correr apenas para a felicidade
Isso nos foi prometido em sonho
Esse morreu entre lágrimas
Traído por nós e pelo tempo
Morreu a esperança

Uma planta rara
Nasce uma vez a cada geração
Oro por raízes fortes
Prenda bem a próxima criança
Pois ela é a esperança
De um sonho mais forte

terça-feira, 3 de maio de 2011

Natureza I




Eu que não acredito em mais nada
Sinto um frio e padeço
Da doença voraz que conheço
Que é a traição de si mesmo
Ao desistir de um sonho
Possivel ou impossivel
Pois um homem se constroi de feitos
Que alteram sua realidade
Mas ao invez de elever a vida e o amor
Acontece uma distorção
Uma corrupção
A vergonha deveria ser nossa nova bandeira
De um exercito em constante marcha
Caminhando em destruídas palmeiras
Para a irrevogavel mudança
Ou destruição

Simbolo de guerra
Armas viradas para a terra
E ninguém quer acreditar no que acontece hoje
Nem nas armas outrora disparadas
Complicado abrir mão de um mundinho seguro
A custa do que é puro
Sem limites ou punições
Seguindo seus próprios corações
Quem viria atrás do homem?
Lembrá-lo de sua mortal realidade
Julgá-lo por seus atos de maldade
Nada nesta terra poderia
A não ser a própria terra
Afinal o homem ainda possui necessidades
Limites e fraquesas
Estas estão expostas em suas fragilidades
A manutenção da vida
Todas elas
Sejam boas ou ruins

E agora eu pergunto
O que o senhor Lider pretende fazer
Vamos parar agora?
Vamos esperar a natureza desaparecer?
Vamos, então, parar amanhã
Quando não haver nada para salvar
De um mundo de entulhos
Consumido pela ganância e ambição
Ricos poderemos ser hoje
Viveremos em abundância
Mas amanhã todos serão pobres
Porque hoje pobres os ricos são.
Pobres no coração
Lhes falta visão
Para em outros pensar
Não entendo o que que há
Com essa demora infinita
Parem com as maquinas malditas
Pois a terra não há de esperar.

Henrique Nápoles
Blind Angel