quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sangue e Glória


Foi nas nevoas da cidade de Nova Britania que o bebê fora abandonado. Aos olhares dos homens uma criança que causava temor nos seus corações. Uzantar estava escrito na caixa e esse foi o nome dado a criança. No dia de seu nascimento foi o exato dia em que o bom Lord da terra morreu, por isso em seu rosto fora tatuado a marca do infortúnio.

Viver em sociedade marcado era complicado para o jovem Urzantar, causa de deixar-se levar pela simplicidade da natureza. Passava dias longe de qualquer contato, o que explicava a sua dificuldade de comunicação. Com seu machado tirou seu sustento, virou um forte lenhador, dos quais as mãos cheias de calos imploravam que ele escolhesse outro caminho.

O preconceito com suas marcas diminuía seus clientes então, pela fome, recorreu à caça, porém como os arredores foram devastados pela civilização humana, não havia espaço para a natureza. As viagens, a caça, se tornaram cada vez mais longas e muitas vezes sem sucesso. Passou fome, sede, cansaço sentindo o bafo da morte em sua porta muitas vezes, mas seguiu em frente, tinha essa garra em seu sangue. Recorreu ao furto muitas vezes, como qualquer miserável que sofria naquela época.

As toras de madeira se acumulavam em seu deposito, então ele descobriu uma maneira de utilizá-las da melhor forma para talvez ganhar algum ouro. O martelo e o serrote substituíram seu machado de lenhador, pois finalmente suas mãos calosas encontraram um novo propósito: De abatedor de arvores para carpinteiro.

Logo ele descobriu que levava jeito para o oficio então seguiu em frente desenvolvendo essa habilidade. Construiu peças simples, mas logo a complexidade fora completada com sua capacidade de talhar na madeira detalhes que agradavam os olhos dos nobres. Vendeu algumas peças a mercadores locais. Isso o satisfazia e tudo estava melhorando, mas em um dia tedioso outro renegado se apresentou a ele.

Era Grush-Nak, um bárbaro de força e coragem renomada entre os seus. Ele estava formando um exercito particular, uma força formada por renegados e qualquer outro homem ou mulher que não tinham nada a perder. Convidou Urzantar para participar, ele seria importante, pois sua fama de carpinteiro o precedia assim como sua força que ele ganhara nos anos como lenhador. Eles viajariam durante muito tempo atravessando as terras e os mares até que o exercito estivesse pronto para ser contratado como mercenários. Assim, fama e glória seriam suas metas finais. Quando o renegado usava tais palavras em público inspirava a todos e sonhavam com o dia da recompensa.

Vários dias passaram até que Urzantar pudesse decidir favoravelmente a proposta de Grush-nak. Como sua natureza comandava Urzantar possuía a capacidade de tirar os companheiros de muitas enrascadas, as maiorias eram emboscadas planejadas por aqueles que odiavam os renegados, em favor disso o líder acrescentou Kar em seu nome, que significaria o Pacífico. Nesse exercito ele seria Urzantar-Kar nele aprendeu a usar armas, armaduras, a combater se tornando um verdadeiro guerreiro, por fim toda aquela sua dificuldade de comunicação que antes possuía fora se dissipando como uma magia que perde sua força em frente ao seu senhor o tempo. Urzantar, o Pacifico. Repetia para si mesmo em momentos de meditação enquanto todos apoiavam sua ascensão no exercito.

Estiveram em Kull, Ellenora, Fangore outras cidades e nessas cidades juntaram companheiros que passaram a se considerar irmãos. Vingaram a morte dos assassinados tanto quanto brindaram o inicio de novas vidas para o grupo.

Em Kull seu primeiro contrato com sucesso. Deveriam defender um castelo que estava sobre cerco e assim o fizeram durante semanas, até que por uma idéia, de origem desconhecida, passaram a emboscar os recursos que eram trazidos para manter o cerco. Nada restou ao exercito inimigo a não ser a retirada.

Muitas outras vitórias se seguiram, como a guerra de Lhime ou o cerco a Falandar. Grush-Nak, então, se tornara arrogante e sua ideologia de igualdade, gloria, fama e segunda oportunidade fora, aos poucos, destruída por seus próprios vícios e fortuna.


Finalmente voltaram para Nova Britantia, onde um nobre enfurecido pela honra de sua filha os contratou para assassinar um poderoso homem. Deste dia fatídico Urzantar-kar aprendeu a não se meter em rixas de nobres.

O combate fora equilibrado, mas a derrota era inevitável. Os prisioneiros que podiam se mover, entre eles Urzantar, foram liberados depois de alguns meses dentro de uma masmorra, como forma de reconciliação entre os nobres.

Urzantar-Kar tentou montar novamente o grupo que lhe deu o que faltou em toda sua vida, o companheirismo. Voltou a viajar e pregar as idéias que o inspiraram conseguindo assim muitos companheiros. Assistiu muitos dos veteranos o abandonarem, tanto quanto treinou pessoalmente jovens esperançosos do futuro. Em fangore ouviu alguns sussurros de que Grush-nak poderia ter sobrevivido e encontrá-lo se tornou o objetivo de sua vida.

Morreu em um combate contra o exercito imperial de Fangore. Em sua ultima visão enquanto deixava seu corpo destruído cair viu o homem que tanto o inspirou retirando o elmo mostrando seu rosto ao moribundo, e sua verdadeira face, era Grush-Nak. Nak passou a significar: o traidor. Para seu povo Urzantar foi um herói e sua astucia e bondade inspirou os poderosos a proibir as marcas dos banidos.

Depois da morte de Urzantar ficou conhecido que a destruição do exercito pela primeira vez fora idéia de Grush-Nak. Ele havia recebido grandes porções de ouro para entregar seu exercito a nevoa da morte. Entregou informações cruciais sobre planos de batalha e outras inteligências que revelariam a necessidade de retaliação. Com esse ouro comprou terras e nobreza para si em um reino que julgava nunca ver novamente aqueles homens. Ao saber que Urzantar-Kar o procurava, temeu seu futuro e atacou covardemente de surpresa o acampamento onde estavam o Pacificador e seus companheiros.

Fama e glória, Grush-Nak reivindicou para si, mas em retorno perdeu sua gloria e ganhou a fama que merecia. Em todas as partes do reino gritavam pela cabeça do traidor, essas vozes viam dos amigos de Urzantar-Kar deixara para trás em sua busca incessante de Glória.

Grush-Nak, logo depois, morreu. Vítima de um dardo envenenado enquanto caçava com seus novos lacaios a origem foi desconhecida, porém ninguém se importou em investigar a morte de alguém como o traidor.

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