segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A flor


Eis que entre passos encontro um jardim
Bela criação construído entre luzes e essência da vida
Foi quando encontrei aquela flor
Estava só e perdida
Ela sabia onde estava mas ainda sim estava perdida
Sem entender o porque
Mas ela tinha raízes profundas
E precisava de um jardineiro para aparar seu passado

Me abaixei para melhor ver aquela flor
Possuía tantas pétalas quantos elogios que poderiam ser lançados
Cores vivas de rosa e amarelo
Mas com folhas e haste verde clorofila
Mas mudava de cor de acordo com meu humor
As vezes era tenra e me protegia de uma magoa
Outras forte e sábia
Mas uma cor sempre ficava
A mesma que eu a vi no dia tão banal
Em um jardim tão bonito
Entre todas as plantas do jardim a única que mantinha aquela cor
Era ela
Uma cor que mais parecia um sorriso
Lembro que me viciei aquela cor
Tornei-me seu jardineiro
A queria para mim

Minha mão não resistiu em tentar puxa-la do chão
Era isso que ela parecia querer
Mas ao segurar eu entendi que não poderia cometer tal pecado
Ela nunca poderia ser apenas minha
Caso fosse
Perderia toda a beleza que me atraiu em primeiro lugar
Uma flor tão bela deveria possuir lugar de destaque neste jardim de belezas

Um passarinho veio e me disse que ela poderia ser minha
Eu poderia tomá-la e a colocar em um jarro
Poderia conservar sua beleza
De maneira que fosse apenas minha
Passarinho livre não compreende a gaiola
Pois meu coração é puro e sensível
Não aceitaria eu maltratar tal bela flor
Ela poderia ser minha
Mas não a levaria em uma gaiola

Então a flor ficou no jardim
Mas diferente pois todos os dias eu vou vê-la
A rego com muito amor e a protejo das ervas maliciosas
Ela não mais se sente perdida
Que mesmo que eu seja apenas um jardineiro
Ela entendeu que seu lugar no mundo
Não é no jardim
Mas no jardineiro

Henrique Nápoles
Blind Angel

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