sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Homem Nú

Acordei... Meu café da manhã estava no criado mudo, ainda quente. Eu tinha tudo, menos o que eu realmente queria. Ana me deixara essa manhã, como ela disse que o faria. Ainda bem para ela. Minhas lagrimas não foram feitas para apagar minhas brutalidades.

Ela deixou a janela aberta. Sinto o frio que o vento matinal carrega. Minha cabana, construída apenas para ela, já não está tão nova. Como nosso amor o tempo corroeu sua madeira matriz. Mas o tempo não poderia fazer toda essa desgraça sozinho, teve ajuda do meu temperamento irracional.

Quando construí nossa simples morada, minhas mãos ainda eram jovens. Lembro ter escolhido um lugar alto com uma bela vista, mas acabei obedecendo a seu desejo e fiz na beira de um riacho no cerne de uma floresta, que agora, vendo a primavera em seu auge, entendo sua escolha.

Devo me levantar. Essa cama não será tão confortável para sempre. Será a ultima vez que experimentarei a comida dela? Sem duvida essa parece ter sido muito bem preparada. Talvez... Talvez, apesar de toda a dor que lhe causei ela ainda me ame e lembre-se de nossa juventude.

Não... Basta! De nada adianta eu me enganar, não tenho razões para tal, afinal ainda possuo algum vigor! Quem essa mulher pensa que é me abandonando? Eu que a expulsei de minha casa! Vou apenas trocá-la. Deve existir outra mulher que queira um teto sobre a cabeça e um bruto na cama.

Devo parar com essa baboseira. Eu sei mais que nunca amarei outra mulher como Ana e que nenhuma dor parece sarar até poder beijá-la outra vez. Então está decidido. Ela te tudo para mim. Não sou homem suficiente para suportar a dor de sua perda sem amargurar. Não vou odiá-la por ter me deixado, mas vou encontrá-la e trarei de volta para mim o que importa.

Que som é esse? Alguém se aproxima. Eu conheço esse cheiro. Ana... Como o coração de um homem é tolo. Hoje, na primavera, ela iria buscar frutas silvestres. Ela nunca me deixou. Esse sentimento é ótimo, o de ter algo que estava perdido. Um alivio. Vou abraçá-la e beijá-la como agradecimento ao Deus que me deu a vida somando uma promessa que nunca mais Ana ira chorar pela minha causa.

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"Todos tem um pouco de arte dentro de si".